terça-feira, 7 de abril de 2009

Esconderijos do Tempo


O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim...
sem fim e sem sentido...
dessas que a gente inventava para enganar a solidão dos

[caminhos sem lua.
(“Os retratos”.Mario Quintana. Esconderijos do Tempo pg. 67)
Foto por: Valeria Araújo. Em Torre de Belém, Lisboa. Fev/2009

Voltar aqui e encontrar tudo como deixei ainda assim sentir.me uma estrangeira é como afogar-me em um oceano de lembranças. Minha alma saudosista transporta-me à parede memorável de minhas recordações, e noto que os sorrisos nas fotos se estão apagando... Cronos que tudo devora!

Tudo muda rapidamente em um ínfimo intervalo de tempo e as lembranças me sufocam, e penso também que voltar é como ter outra vez oito anos e minha bicicleta vermelha, sentir o vento nos cabelos, a cabeça cheia de sonhos, uma vida que parece infinita à minha frente e um sorriso eterno nos lábios.

Mas o vento quentíssimo e molesto e a vida já não eterna como antes me devolvem à realidade dos anos que passaram, e a bicicleta vermelha está enferrujada, metáfora dos sentimentos nobres das crianças quando crescem.

Dar-me conta que cresci é deixar que e a vida me faça perceber a mais dura e real distância entre as pessoas, que não é a física, mas é a que sinto quando as tenho em silêncio ao meu lado, como estranhos, sem nada para dizer.

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