terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Relíquias

"Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.”

Hilst, Hilda. Poema da Noite. Disponível via HTML em http://leaoramos.blogspot.com/2007/09/para-poder-morrer-hilda-hilst-guarda.html. capturado em 25/12/2007.

Foto: Valéria Araújo

Selou a promessa da volta com um delicado beijo na testa, e eu, na angústia das horas que me torturam até o teu retorno, em atroz companhia de tua ausência a atormentar-me como um fantasma recolho a xícara que ainda guarda o desenho de teus lábios marcados pelo café e o guardanapo que usaste, beijo delicadamente o contorno de seus lábios na louça fria e depois os guardo com o carinho e cuidado de uma devota com as relíquias de seu santo enquanto repito cada palavra que me disseste pela manhã com a fé impecável de quem repete uma oração.

Nossas roupas espalhadas pelo chão, o olor de nosso amor e de incenso da noite passada em nosso quarto, na cama e nos travesseiros e o teu cheiro ainda impregnado em meu corpo confidenciam os fatos e fomentam a desesperação da minha espera. Mas imponente queda a promessa... E os fantasmas e o desespero de quem ama, e o tempo que demora a passar quando esperamos.

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