terça-feira, 16 de setembro de 2008

Efemeridades

"E o meu coração embora finja
fazer mil viagens
fica batendo parado naquela estação."
(Caetano Veloso. Naquela estação. )

Foto by: Raimon Gil. Chico abstraído

Gosto de sentir saudade, ainda que seja ela o amargo e pesado fardo que necessito levar para chegar às remotas lembranças felizes, como um alpinista que arrisca sua vida para viver uma momento no topo de uma montanha, o inesquecível prazer da conquista, de superar limites e... nada mais.
Poucos entendem os alpinistas, e poucos entendem os saudosistas.
Saudade é como o álcool, que gera um estranho prazer em degradar-se, em provar a resistência, em tentar perceber o limite das coisas, e há quem creia que ela existe apenas para quem a deseja, será o repúdio que a aproxima?
Saudade e solidão está em nós mesmos, em ideais, em desejos, objetivos, sonhos, no que buscamos para nossas vidas. É escolha pessoal, é estado de espírito. É bom estar só, o mal é ser só. É bom sentir saudade, o mal é viver de saudade.
Difícil sofrer a dor que ela causa, mas pior é não ter um bom motivo para senti-la, não ter do que recordar. Pior a eternidade no vazio que explodir no excesso. Efêmero? Talvez... Mas a vida não é completa sem os dois lados, o equilíbrio, o yin e o yang... Os sentimentos hão de ser híbridos para valer a pena serem vividos. Como reconhecer o prazer sem conhecer o dissabor?

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