quarta-feira, 28 de novembro de 2007
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Paisagem
“Nos colocaram no bolo
Como um casal de noivos.
Se temos que esperar a faca
Faremos por ficar no mesmo pedaço.”
Ronny Someck. Poema da felicidade. Editorial Proa.
Foto by: Sonia Bao. Palamós, Espanha
O ruído das ondas rebentando nas pedras e o motor de um barco ou outro que passa me remetem a um tempo feliz, de paz e tranqüilidade. Ao longe vejo um único barco branco e solitário lutando para não ser ofuscado pela beleza do sol refletido na água, presenteando-me com um magistral espetáculo nesta linda manhã de domingo.
Minhas lembranças são como o barco branco e solitário quase invisível diante do brilho das águas fundindo-se entre si como um mosaico para formar ao final uma única paisagem; a minha história.
Aos domingos bem cedo costumávamos ir a ver o sol nascer. Ele pegava a minha mão e eu me sentia como uma criança – e em verdade o era – e nos abraçávamos buscando amenizar a sensação da fria brisa da manhã. Era um cenário sublime, e meu coração disparava de alegria em poder compartir algo tão singelo e bonito.
Meus pensamentos viajam rápidos e curtos como as nuvens que agora vejo passeando pelo céu e me recordo os dias em que me deitava na grama à beira do lago do Ibirapuera observando as figuras de nuvens e ponderando o impossível, viver um dia outra vez um amor como havia sido aquele.
E hoje, um agradável domingo de outono, estirada em uma pedra do costado a ler, sento-me para olhar o mar que brilha ao sol como um lindo cartão postal o vejo ao meu lado. Ele sorri para mim e eu agradeço à vida por permitir-me viver essa felicidade mais uma vez.
domingo, 4 de novembro de 2007
Fragmentos
“ O mundo é isso - revelou - Um montão de gente, um mar de foguinhos. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as demais. Não há dois fogos iguais.”
GALEANO, Eduardo. El Viaje. In El Mundo, pg. 15. Coleção Mini letras. Ed. Onlybook. Madri, 2006. Traduçao pessoal do original em espanhol.
Foto by Raimon Gil. Cala margarida, Espanha.
O meu coração é uma parede com fotos antigas de família e de paisagens esquecidas, dessas que quando atentamente observadas nos contam histórias pessoais e que em algum momento interessam a alguém. Fragmentos de vidas que se cruzam e ao final encontram-se na parede memorial de minhas lembranças. Alguns personagens já anônimos pela distância do tempo entre o fato real e minha vaga recordação, mas sua imagem e seu legado ainda vivos através de suas histórias individuais. Pessoas são como pequenos livros temáticos que nos cativam pela singularidade de suas marcas, e através de seus exemplos, fixando aos poucos e definitivamente suas características na memória e no coração dos saudosistas, que por capricho pessoal nunca aprendem o que é olvidar.