quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CAFÉ

CAFÉ


Desencarno arábias

de uma xícara morna

de café.

E um fio negro

me assedia a boca.

(Através da janela

o galho de pitanga

ostenta seu adorno

encarnado).

Viajo

pelo negror do pó:

Dar-El-Salam,

Bombaim,

Áden

(sem Nizan, sem Rimbaud):

as colinas ocres,

a poeira dos dias.

De onde vem o grão

dessa saudade?

Desentranho arábias

dessa xícara fria.

Enquanto aguardo o dia

que não chega.

Desacordo e sorvo

a sombra morna

do que sou

na borra

do café.


(NOROES, Everardo. Retábulo de Jerônimo Bosch)

Um comentário:

Raimon disse...

Un altre poeta brasiler que hem descobert plegats. És tant bonica la poesia de Norões. Sembla que aquest poema l'hagi escrit per tu. És tan... Valerinha. Un petó!

Shows em Barcelona