(A Miguel Hernández)
Era o ano da Vitória e tú um homem solitário
e abatido de poucas palavras, os agentes
redatavam o informe para o conselho militar,
e fora o esquecimento das andorinhas errando
o vôo e a primavera um lugar muito triste
para a poesia, um canto de amor desesperado.
Isto se passava em quatro de maio de mil
novecentos e trinta e nove. Hoje, setenta anos
mais tarde, li no jornal que continuas
sendo um homem condenado à morte porque,
afinal das contas, o país não mudou tanto
durante a tua ausência. Ainda sonhamos
sob o mesmo céu cinzento de nossos pais.
(Raimon Gil Sora. Vida Menor. Tradução pessoal)
Nenhum comentário:
Postar um comentário