quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Uma lembrança ordinária

Poesia Contemporânea - Raimon Gil Sora



Uma lembrança ordinária

Então o mais duro eram aqueles exercícios físicos
que o treinador da escola nos ordenava fazer
em silêncio estrito até que notávamos a tensão
desde a virilha até a ponta dos dedos e depois
começávamos a correr pelo pátio de cimento Portland
envoltos de apartamentos e os depósitos de água onde
afogamos nossa infância. Mas nos era igual,
porque sabíamos que ao final da rua havia
o mar e nós apenas pensávamos na menina
que gostávamos mais e no café com biscoitos
que fazia a avó para merendar. Eram dias perfeitos!
Tudo mudou quando alguém leu em voz alta
os versos de um poeta “buscando a beleza estarás
sozinho” palavras que não terminava de entender ao todo
mas que me despertaram um pouco de consciência.
Desde então tenho tentado encontrar a beleza
mas o avô faz tempo que morreu de um câncer,
os da turma fazem negócios para pagar as dívidas
e a minha solidão grita como uma velha cafeteira
sobre os negros fogos do tempo enquanto corro
extenuado pelo pátio de uma lembrança de cimento Portland

Raimon Gil Sorà. Un record Ordinari.
Traduçao Valéria C. de Araújo. Original em catalao segue:


Un record ordinari

Llavors el més dur eren aquells exercicis físics
que l’entrenador de l’escola ens ordenava fer
amb silenci estricte fins que notàvem la tensió
des de l’engonal al capciró dels dits, i després
començàvem a córrer pel pati de ciment pòrtland
envoltats de pisos i els dipòsits d’aigua on vam
ofegar la nostra infància. Però ens era igual,
perquè sabíem que al final del carrer hi havia
el mar i nosaltres només pensàvem en la noia
que ens agradava més i en el cafè amb galetes
que feia l’avi per berenar. Eren dies perfectes!
Tot va canviar quan algú va llegir en veu alta
el vers d’un poeta “buscant la bellesa estaràs
sol” paraules que no acabava d’entendre del tot
però que van despertar una mena de consciència.
Des d’aleshores he intentat trobar la bellesa,
però l’avi fa temps que es va morir d’un càncer,
els de la colla fan negocis per pagar els deutes
i la meva solitud xiula com una vella cafetera
sobre els negres fogons del temps mentre corro
extenuat pel pati d’un record de ciment pòrtland.


Sobre o autor (autobiografia);

Raimon GIL SORA.
No meu documento de identidade diz o local onde nasci, os nomes de meu pai e de minha mãe, os anos que tenho e meu estado civil. O que não diz é que falo pouco, e quando o faço sempre falo em voz baixa, e que descobri a poesia em vinte e seis de abril de mil novecentos e noventa e dois. Sou bacharelado em Direito, mas prefiro recitar os meus poemas em público. Em 2006 apresentamos Subtítols, um recital de poesia com música eletrônica e vídeo-arte. Em 2007 publicou-se um apanhado dos meus poemas no num. 87 da revista Reduccions. Atualmente estou preparando a edição do meu primeiro poemário “Vida Menor”, que se publicará proximamente em uma editora independente. Juntamente com Valéria C. de Araújo estamos preparando uma antologia titulada “Poesia amorosa brasileira” e uma seleção de poemas de Renata Pallottini com a colaboração da mesma autora. A quem possa interessar mantenho um blog que podem visitar em catalão e castelhano: http://subtitols.blogspot.com.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Cerejas, meu amor de Renata Pallottini em catalao

"Cerejas, meu amor" de Renata Pallottini em catalao.

Poesia Contemporània: Cireres, amor meu...


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O Beijo de Manuel Bandeira em catalao

"O Beijo" de Manuel Bandeira em catalao.

Poesia Contemporània: El petó



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Revelaçao do subúrbio de Carlos Drummond de Andrade em catalao

"Revelaçao do Subúrbio" de Manuel Bandeira em catalao.

Poesia Contemporània: Revelació del suburbi




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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Incineração

Fumar é um jeito discreto de ir queimando as ilusões perdidas.

Daí esse ar aliviado e triste dos fumantes solitários.

Vocês ainda não repararam que ninguém fuma sorrindo?

(Mário Quintana)

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