CAFÉ
Desencarno arábias
de uma xícara morna
de café.
E um fio negro
me assedia a boca.
(Através da janela
o galho de pitanga
ostenta seu adorno
encarnado).
Viajo
pelo negror do pó:
Dar-El-Salam,
Bombaim,
Áden
(sem Nizan, sem Rimbaud):
as colinas ocres,
a poeira dos dias.
De onde vem o grão
dessa saudade?
Desentranho arábias
dessa xícara fria.
Enquanto aguardo o dia
que não chega.
Desacordo e sorvo
a sombra morna
do que sou
na borra
do café.
(NOROES, Everardo. Retábulo de Jerônimo Bosch)
Um comentário:
Un altre poeta brasiler que hem descobert plegats. És tant bonica la poesia de Norões. Sembla que aquest poema l'hagi escrit per tu. És tan... Valerinha. Un petó!
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