quarta-feira, 11 de junho de 2008

Canção do Exílio

“Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras (...)

morremos de morte igual
mesma morte severina"

(João Cabral de Melo Neto. In. Morte e Vida Severina pg.71. 21ª ediçao. Jose Olimpio Editora. Rio de Janeiro, 1.985)



Foto: Raimon Gil. Exposiçao Sertanismo-Mario de Andrade no Centro Cultural Vergueiro em Sao Paulo, Brasil. Março/2.008

Hoje no caminho de volta à casa conheci um estrangeiro, como eu. Depois de alguma conversa, marcamos de encontrar-nos dia desses para um tererê, falar de nossa gente e de nossa terra.

Entretanto um momento de nosso encontro marcou-me profundamente, e ainda guardo as palavras emolduradas pelo olhar lacrimoso, perdido e saudoso de um homem que permite-se tal "extravagância", e repetem-se em minha mente como que a convencer-me da grande verdade, despertando-me um sentimento há muito extinto, mas íntimo e pessoal, e que me há moldado a ideologia de vida; a dor compartida e pungente da identificação, do encontro consigo mesmo no outro: “Longe de nossa terra não somos ninguém, filha. Aqui não somos gente...”

A filosofia brota da experimentação de quem se permite sentir a dor de viver. Da experimentação nascem as descobertas, daí o aprender que é o que nos faz crescer, mas “o que” aprendemos é o que realmente diferencia-nos das demais pessoas.

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