terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Apenas um rapaz latino-americano





Homenagem ao meu grande amigo e - por sorte - também meu irmão Emilio Gonzalez. O texto abaixo é dele... Amo-o!!

... Na verdade, sou apenas aquilo que sobrou de uma criança suja de terra que sonhava entre brinquedos de plástico, árvores, tijolos e cachorros de estimação num quintal de terra nos idos dos anos 80 em Foz do Iguaçu; de um menino que andava de bicicleta pelo interior de São Paulo enquanto sonhava em viajar pela América Latina e sempre quis ser algo mais do que um simples auxiliar de jardineiro que recolhia folhas secas e galhos de árvores nos jardins alheios; sou aquele que se sentava no fundo de uma sala de aula por ter vergonha do tênis encardido, da barba precoce e de não frequentar as mesmas "baladas" e namorar as mesmas meninas que a maioria dos meus colegas desejavam; sou o estudante de História que lutava para mudar a realidade, e que sente orgulho por ter pelo menos mudado a sua própria; sou aquele que nunca pôde acumular mais do que malícia, experiências e muitas, mas muitas mesmo, amizades sinceras, verdadeiras e eternas, e tem nelas o maior e único patrimônio...
Enfim, sou o que sobrou de um simples e humilde rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, mas que sempre soube experimentar o mundo, suas supresas e tragédias de forma positiva, como um eterno aprendizado, para o bem e para o mal. Hoje, tenho a chance de recomeçar tudo de novo, e, atônito, vejo também o que deixei pra tráz e aquilo que gostaria de ter feito diferente. Quanto ganhei e quanto perdi? Ainda não sei mensurar, mas só posso dizer uma coisa: a vida já valeu a pena...

Um comentário:

Unknown disse...

Efeito Borboleta...

Todas as pessoas são especiais, únicas e irrepetíveis e, por isso mesmo, todas fazem falta. Só pelo facto de existirem, as pessoas que vivem em cada época fazem toda a diferença. Basta uma deixar de existir para tudo mudar no mundo.

Estas afirmações podem parecer estranhas mas quando li sobre o «feito borboleta» e sobre o facto de que basta uma borboleta bater as asas em Pequim para provocar uma tempestade na Califórnia então tudo ficou mais claro. Primeiro, deve existir uma ordem cósmica onde nada acontece por acaso e, depois, que a menor variação no planeta pode assumir proporções consideráveis. É como atirarmos uma pedra para o lago; as pequenas ondas concêntricas movem-se e criam ondas maiores que, por sua vez, criam outras maiores. Com as pessoas passa-se exactamente o mesmo. O mundo individual de cada um mexe com a ordem do mundo e das coisas e basta-nos ter a noção de que a vida é feita de pequenas e grandes opções para ter a certeza de que o mais pequeno gesto e a palavra mais simples fazem toda a diferença no mundo que nos rodeia.

O meu tio-avô João contava a historia, de um homem desesperado que tenta suicidar-se. Quando este homem vai a caminho do local escolhido para tirar a sua própria vida, encontra um velho que conversa com ele e tenta entender a raiz do seu desespero. Quando o homem declara que ninguém gosta dele, que nunca foi útil e nada na vida lhe correu bem, o velho mostra-lhe como está enganado. O velho vai rebobinando todo o filme da vida do homem forçando-o a ver os acontecimentos através dos olhos das pessoas que com ele se cruzam, para lhe mostrar como a sua existência fez toda a diferença. Como, de forma às vezes consciente e muitas vezes inconsciente, ele marcou os que estavam à sua volta e nada ficou como era.

Esta historia sempre me fez pensar na forma como a vida daquele homem parecia absolutamente banal. Tão banal que quase caímos nos mesmo erro do homem, que acreditava ter vivido uma vida inútil. Mas o velho desmontou este tremendo equivoco mostrando-lhe, por exemplo, como a sua vizinha se sentiu mais feliz e amparada a partir do dia em que ele a ajudou a levar os sacos de compras para casa; como os colegas de trabalho mudaram completamente de atitude numa altura em que ele tinha dito uma frase à qual ele próprio nem tinha prestado especial atenção. O que sempre mais me fascinou nesta historia é a forma como prova que não há vidas banais. Que todas as vidas são especiais e cada um dos momentos vividos são susceptíveis de marcar a diferença.

A ideia de pensarmos nas nossas vidas desta forma é muito feliz por dois motivos. Umas vezes porque sentimos que nos ajuda e outras porque, mesmo quando não acreditamos, somos nós que podemos ajudar outros.

Estou certa que voçe provocou grandes mudanças por todo o mundo, mesmo que não sejam bem visiveis.

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